terça-feira, novembro 21, 2006

O Bêbado e a platéia

Gostaria de saber do que as pessoas estão a falar e o que pretendem, cada qual no seu canto a escrever como eu ou como qualquer um.
Um bêbado jogado as traças na noite fria caminha descalço... O sangue lhe ferve nas veias, um ódio, uma fúria se levanta dentro dele, será o efeito do álcool? Ou será o efeito do rumo que tomou sua vida?
Berra versos que ecoam no espaço frio da noite escura e calada, os animais o ouvem e fazem um estardalhaço.
Seu público ele o espera... Quer uma plateia? Quer que o aplaudam? Quer que o vejam?
Dança e desajeitado tropeça em obstáculos invisíveis, quer se apresentar ao mundo? Quer que o conheçam, quer ser assunto da hora do dia e da noite, quer chorar, mas seu coração não lhe responde as emoções...Onde estão todos?
Os animais não lhe bastam, ele quer mais...
A natureza ao redor não lhe basta, quer um ser que o ouça como esta ele acostumado a ouvir de todos os outros.
A noite, o tempo, o espaço, as estrelas, o céu, o infinito do universo em silêncio a ouvi-lo não lhe basta, quer ele o som de uma voz que o note, que o inveje ou que o ame... Que possa ser capaz de expressar qualquer sentimento meramente humano.
Seus próprios sentimentos que explodem e anuviam sua mente não lhe bastam, ele busca algo lá fora, busca uma luz que o coloque em destaque nesta noite tão estúpida.
O palco esta montado, as luzes acessas, seus discursos decorados, sua paixão está no auge ele está pronto, mas algo lhe falta... Sim algo mais importante que o espetáculo em si, mais importante que ele e seus sentimentos é a plateia... Onde estaria sua plateia?
Quando declarasse seus erros, exaltasse suas virtudes, quando confessasse seus sonhos, quando se orgulhasse de sua coragem, quando admitisse seus medos e inseguranças, onde estaria a platéia para dar-lhe atenção?
E quando revelasse seu passado e suas esperanças, quem o aplaudiria?
E sobre suas vitórias e derrotas, quem se expressaria?
Que sentido faria seu espetáculo se não houvesse uma única alma que não a sua para ouvi-lo?
O bêbado grita ainda mais alto e se desespera, ele precisa se mostrar quer que o conheçam!
Ele diz: Malditos onde estão? Preciso dizer-vos quem sou, quem prendendo ser, quem fui e no que me transformei!
Mas ninguém lhe responde, ele perde então o chão, o ar lhe falta, o peito dói, seu corpo treme, sua mente se entrega ao medo de não existir, ao medo de nada ser, pois ninguém o vê e acredita que se não podem vê-lo não seria mesmo nada além de um ninguém...
Pois quanta dor sinto no ar, quanto medo... o ar esta carregado de desespero, de pressa e ele envenena a todos nós.
Nos assassina aos poucos, nos enlouquece, deixa apenas uma insatisfação no fim das contas, um sentimento de culpa, de que algo ainda falta.
É um ciclo vicioso que aprisiona todas as almas, as mentes são colocadas numa prensa, os olhos perdidos no espaço a procura de algo, o coração trancado no peito e a liberdade de expressão como lei absoluta: Vejam no que acreditamos! Vejam só os ideais pelos quais lutamos! Vejam no eu acredito, vejam minhas opiniões, vejam só como são as coisas, vejam como isso é errado! Vejam como tudo está certo do meu jeito!
Vejam, pois se ninguém vê o que digo que vejo e o que quero que vejam, nada faz o mínimo sentido.
É preciso sempre que alguém esteja vendo para que eu exista realmente, mas infelizmente isto não é possível, é um sonho tolo... Quanta coisa foi dita, quanta teoria afirmada e depois derrubada, quanto sangue derramado por verdades que no futuro foram desmentidas, quanta verdade foi mentira e quanta mentira ainda é verdade.
Verdade e mentira, o que são? Como saber?
Isso a plateia que esperamos nos dirá e nós que também somos plateia o que diremos a ela?
Se nada precisássemos dizer, nem provar... Quem sabe fossemos imortais e de nada dependesse nossa existência, além de nós mesmos.

terça-feira, novembro 07, 2006

Mumúrios

Eu cá a andar e eles lá no horizonte!
Eu aqui e eles passam por mim...
Eu só a andar, pelas ruas e ruelas e eles por vezes sós, por vezes em grupos, grandes ou pequenos, tanto faz... Ruas, ruelas...
Eles e eu paráramos ante todas as coisas que para eles ou para mim valem nossa atenção.
Eles e eu, seguimos em frente e eles e eu sabemos ou não...
Eu o olho que os observa, sou aquele que os vê, mas que não saberia dizer se são ou não são...
Penumbra, luz fraca refletindo uma fé secular, seja ela qual for. Há no ar um movimento leve de mentes, todas elas se chocam gerando uma explosão sem som, tudo ocorre no vácuo onde o som não se propaga por ser uma onda mecânica...
Murmúrios! Alguém se confessa e alivia a alma.
Murmúrios... alguns oram calados mantendo a fé.
Murmúrios... e as portas se fecham!
Murmúrios! Soam os sinos.
Nos símbolos repletos de infinita significância transparece a crença.
A missa começa, ali todos estão em busca D’Ele e eu em busca de que?
Por certo me viro e de costas pra eles de tão bela fé, de costas pra Ele que dizem ter por nós todo amor, abro uma fresta e retiro-me. Sim me vou deste mundo criado por eles e em busca de qual devo ir a não ser do meu mesmo?
Alguns não entendem e não me esforço para isso.
A verdade tem dono? Se tiver não sou eu... Nem levo em conta quem diga saber.
Sigo em frente, pois parar ninguém pode, esse é o lema do que quer que seja.
Eu me vou, deixando o calor, deixando a fé e agora aonde vou?
Lá fora na chuva, no frio, no vento, na incerteza, meus pés doem... Onde estou?
A ponte! Eu a vejo! Esta lá, não em foto, mas em realidade, em meio ao mal tempo eu à atravesso. Em sua outra extremidade não há nada, ora, mas como não?! Seja o que for não será o meu fim.
O que foi um dia, hoje já não é mais.
Muito se perde, mas muito se ganha...

Chico Buarque - Roda Viva
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade pra lá ...

quinta-feira, setembro 21, 2006

Do lado de cá

Esse texto escrevi em meu terceiro dia aqui em Brno, devo antes de mais nada me desculpar pela falta de acentos mas o teclado sendo tcheco fica complicado, mesmo configurado para versão em inglês não é a mesma coisa... meu Deus consegui botar acento vejam só, mas leva tempo para descobrir os comandos de acento hehehe puxa vida que loucura!
De volta ao texto, que não passa de um punhado de palavras, por vezes soltas, que expressam minha primeira impressão a despeito deste novo mundo, meus pensamentos e sentimentos.
Apesar de já ter aprendido a andar pelo centro da cidade, sinto-me deslocada, não faço parte deste lugar, mas com certeza este lugar já faz parte de mim.
As vezes enquanto caminho a fim de conhecer e passar o tempo, penso que estou em alguma cidade do Brasil, apesar de o estilo e das construções aqui desmentirem minha ilusão. Acredito que se sua mente se abre afim de absorver tudo de novo que este mundo tem a oferecer, as coisas tornam-se bem mais aceitáveis e até divertidas. É engraçado passar pelas pessoas na rua e não mais ouvir minha língua, é um ouvir e não ouvir já que não posso entender o que estão dizendo. Neste momento assumo o papel de uma forasteira que jamais soube se situar, não me adequo, não me encaixo, parece-me que sempre fora assim, mas sinto na pele o que isso quer dizer não só em minhas reflexões, agora tudo está em prática.
Quando me comunico com as pessoas nos cafés, restaurantes e supermercados, estas mal me entendem (quando não falam o inglês) o que elas pensam? O que elas veem?
Veem uma desconhecida que não pertence a lugar algum, como poderia me definir? Se é que algum dia me defini... Como sempre costumo dizer e repito, uma vez mais: Não faço questão de me definir, pois deste modo estaria optando por um modelo que ainda poderá sofrer transformações.
Não há nem haveria como saber a forma com que lidaria com meus sentimentos.

O impossível é apenas aquilo que ainda não vimos...


quinta-feira, agosto 24, 2006

O reflexo das flores

Acordei e senti que nada havia mudado tudo se repetia. Todos pareciam serem os mesmos, de horas e milênios atrás.
Eu queria gritar, minhas mãos tremiam, meu corpo estava cansado, talvez não só ele. Imaginei-me caminhando em um imenso jardim, repleto de flores, todas elas repletas de vida, que por sua vez repletas de alma.
A imagem foi se dissipando, as cores misturavam-se, não conseguia mais distinguir entre uma e outra.
As flores se uniram gerando uma só flor que continham todas as outras em seu ser. Ela brilhava como o sol no zênite, pude então perceber que possuía milhares de pétalas e que em cada pétala havia um espelho que refletia centenas de imagens iguais a sua. A unidade continha em si a multiplicidade.
Pareciam idênticas, mas se me aproximasse um pouco mais veria que são únicas, não podendo haver outra igual.
Arranquei-a da terra e contemplei sua beleza, pude senti-la, pensei poder tê-la comigo para sempre, mas senti que algo nela fugia ao meu controle, seu bem mais preciso, era sua vida que se esvaia em minhas mãos.
Isso eu não poderia deter, ela estava partindo para além de meu ser.
És minha, pois do contrário não desabrocharia.
És minha, mas foge ao meu entendimento.
És minha, mas não me pertence.
És minha, mas ultrapassa meus limites.
És minha, mas ascende a um posto que não poderei tomar.
És minha, mas caminha onde meus pés jamais poderão tocar.
Afirmo-te seres minha, mas não o és.
És alma e a ninguém pertencerás.

terça-feira, junho 06, 2006

Penso, mas nem sei...

Eu pensei... me lembrei ... matutei, mas nem sei...
Sabe quando a gente assim meio que se sente não sei como, algo assim sem expressão...
Você olha, mas nem vê as coisas que te rodeiam porque na hora você não esta presente... de um jeito que você não consegue se situar.
Daí as coisas se repetem e se repetem milhares de vezes na sua cabeça... o tempo passou e você nem sequer notou isso acontecer... o anoitecer, o amanhecer, onde estão as diferenças?
Seria justo se estivessem nas cores ou nos cheiros, mas não estão só ai! Maldito seja! Onde estão então?
Do que estou a falar?
Nem sei, apenas me lembrei, mas para dizer a verdade não me lembrei, só não consigo me esquecer muito menos explicar. Pra que tudo isso?
Que diabos! Não devo eu explicações do porque de minha loucura momentânea em não parar de pensar, coisas várias ou uma só coisa que se faz várias.
Desisto de entender ou racionalizar tais cousas, resta-me apenas viajar dentro de mim mesma já que não posso fazê-lo de outra forma.


terça-feira, maio 30, 2006

Não sou eu quem esta aqui

E agora sou eu quem deve dizer ou quem sabe divagar...
Mas não estou aqui...
Estou ai, pois era onde queria eu estar...
Não faço questão de me definir, pois deste modo estaria optando por um modelo que ainda poderá sofrer transformações.
Então não me diga o que sou e não direi o que tu és.
Porque cargas d'água tenho que existir?
Eu poderia dispersar-me como luz e de uma vez por todas estar em tudo e em nada mais.
Assim não menos deslocada e perdida a me mover com infinita velocidade.

sexta-feira, maio 19, 2006

Mandruvás e Taturanas!

Minha observação parte do pressuposto de que lagartas, que por terem naturezas diferentes, são elas denominadas também por nomes distintos, desta forma, merecem o mínimo de consideração.
A maioria das pessoas, do ambiente em que convivo, INFELIZMENTE não sabe diferir um mandruvá de uma taturana! E digo mais, nem sequer sabem do que se tratam esses nomes! Talvez esteja eu sendo muito chata em aclamar atenção a tão pequeno detalhe (que na verdade não o considero tão pequeno assim), mas estes pequenos seres desprezados, que habitam árvores diversas, possuem caráter totalmente relevante! Afinal, todos adoram e admiram profundamente a beleza das borboletas que antes de se tornarem este ser tão apreciado foram lagartas.
Lagartas com sua DEVIDA importância no meio ambiente, se distinguem umas das outras, separando-se basicamente em dois grupos classificatórios:
Grupo nº1: Os MANDRUVÁS – lagartas desprovidas de pelos e que por isso não possuem veneno, por tanto são eles inofensivos.
Grupo nº2: As TATURANAS – lagartas que contém pêlos e que através destes pêlos expelem veneno, a potência do veneno varia de Taturana para Taturana, mas em geral o seu veneno causa queimaduras.
Espero ter feito minha parte para a conscientização das pessoas a respeito da situação de desprezo em que vivem as Taturanas e Mandruvás. Pela atenção obrigada.

segunda-feira, maio 01, 2006

O negócio agora é galáxia

Pessoal o negócio agora é galáxia!!
Quando comento sobre a galáxia com as pessoas, muitas me cortam logo de cara (para meu desprazer) e dizem: "A galáxia é só para cientistas loucos, além disso é grande e longe demais para discutirmos sobre ela, fora que eu num sei nada sobre galáxias".
Devo eu discordar desta afirmação idiota e mesquinha, porque querendo ou não estamos na galáxia e o fato de pouco ou nada sabermos sobre ela não poderia causar tamanha omissão.
Faça o favor então de pelo menos olhar para cima e ver o que esta além deste planetinha em que vivemos, desse mundeco em que nos posicionamos ao longo do nosso dia-a-dia e de nossa rotina (só de ouvir essa palavra já sinto náuseas).
Certa vez quando estava eu a matutar com meus botões sobre o infinito lembrei-me de uma passagem do livro de filosofia O mundo de Sofia, em que o filosofo dizia à Sofia que muitas das estrelas que hoje vemos brilhar no céu não existem mais, pois a distância destas estrelas da terra é tão grande que sua luz viaja milhares de anos luz para atingir nossos olhos.
O que hoje conseguimos ver seria então o passado do céu, claro que isso se trata das estrelas com distâncias gigantescas da terra!
Bom... Pelo menos a Lua ainda está no presente
O chão já esta gasto... o horizonte ainda muda e mudará milhares de vezes, olhe para frente que você verá isso acontecer, se olhar para cima só deus sabe o que irá encontrar, corre o risco de tropeçar, mas pra que evitar? Não faço ideia do que estou a dizer, mas que se dane! Quem não olha não vê e quem não vê não entende.
Não entendo bulhufas sobre a tal teoria das super cordas ou sobre os supostos universos paralelos, mas ainda assim me pergunto sobre eles, seria uma busca inútil a minha por respostas intergalácticas? (isso me lembra filmes espaciais! Eu adoro...).
Eu e mais um monte de gente diz: sei lá. Mas sabe lá aonde? Onde fica isso? Se alguém souber onde fica o lá do sei lá, me diga, por favor, pois lá eu devo saber de alguma coisa.

terça-feira, abril 18, 2006

Quando se tem uma bicicleta tudo fica diferente

Quando se tem uma bicicleta tudo fica diferente... Só tendo uma para saber a sensação. Como dizem por ai, depois que se aprende a andar de bicicleta nunca mais se esquece, talvez tenham mesmo razão... Antes uma bicicleta do que qualquer outra coisa, veja bem, eu disse antes e não no lugar. Ela é ideal e poderia se adequar a qualquer ambiente e pessoa, não sei bem se é assim que funciona, mas ter uma bicicleta não é tão simples nem tão complicado como se ter uma ideia.
Se você tem uma bicicleta você pode vir a ter disposição para pedalar e pedalando você pode vir a ter ideias ou apenas pensar em coisas sem muita importância, como por exemplo parar quando o sinal fechar... Quanto as ideias pense nisso você mesmo(a) quando estiver pedalando por ai, conversas triviais, confissões de cansaço e falta de fôlego, mas ainda assim nos sobra empolgação.
Andar de bicicleta não sereia bem mais do que apenas pedalar?
Pense em quantas pessoas tiveram ideias, refletiram sobre algo que estava em sua cabeça ou se perderam em pensamentos diversos, a importância de tudo isso na vida de quem quer que seja é relativa... E claro, como já dizia Einstein: " De absoluto, só a relatividade"
Estava cá a pensar com meus botões sobre como tudo então nos escapa de repente, a distância percorrida, assim como o tempo gasto ao pedalarmos, tudo além do horizonte que por inteiro não podemos sorver com os olhos, a final o cérebro não poderia armazenar tanta "informação" ao mesmo tempo.
Nestas divagações não existem o branco ou o preto, não há linha de demarcação entre um pensamento e outro ou entre uma imagem e outra, o que existe é a distância percorrida em medidas como o metro, quilômetro..., o tempo gasto em segundos, minutos, horas..., a energia utilizada pelo corpo que guia a bicicleta, dentre outras coisas.
Einstein também tinha uma bicicleta e estava ele sujeito as mesmas leis físicas a que cada um de nós estamos, mas Einstein foi o que foi e as vezes me pergunto o que foi que ele pensou uma única vez enquanto andava de bicicleta... para essa pergunta jamais encontrarei uma resposta plausível e como não me canso de citá-lo, farei isso novamente quando este diz: " A imaginação é mais importante do que o conhecimento.", nesse caso cá ficarei apenas a imaginar seus pensamentos.

Como a música nos move daqui a qualquer lugar, lembrei-me de uma composta por Sid Barrett, ex integrante da banda Pink Floyd, se intitula Bike, segue a letra logo a baixo:

I've got a bike.
You can ride it if you like.
It's got a basket, a bell that rings and
Things to make it look good.
I'd give it to you if I could, but I borrowed it.
You're the kind of girl that fits in with my world.
I'll give you anything, ev'rything if you want things.

I've got a cloak.
It's a bit of a joke.
There's a tear up the front.
It's red and black.I've had it for months.
If you think it could look good,
then I guess it should.

I know a mouse, and he hasn't got a house.
I don't know why.
I call him Gerald.
He's getting rather old, but he's a good mouse.

I've got a clan of gingerbread men.
Here a man, there a man,
lots of gingerbread men.
Take a couple if you wish.
They're on the dish.

I know a room full of musical tunes.
Some rhyme, some ching.
Most of them are clockwork.
Let's go into the other room and make them work.

Essa música me lembra a empolgação de uma criança, talvez a intenção nem seja essa...

Todas estas ideias rodeadas pelo fato de se ter uma bicicleta podem transparecer algo idiota de minha parte ou da de quem compartilhe das mesmas, seria então um consolo saber que estamos todos fadados a este papel. E lá vou eu de novo reavivar as palavras de Einstein e finalizar logo com isso: "Há duas coisas infinitas; o universo e a tolice dos homens."

domingo, abril 09, 2006

Grana

Quero grana porque quero luxo
porque não me contentei
porque não me canso de desejar o que não posso ter e o que não posso ser
porque posso não ser nada nem ninguém
porque me importo
porque por hora não mais me importo
porque sumo de onde não quero estar e apareço onde me convém
porque nada precisarei dizer
porque almejo muito além dos limites impostos
porque meus pés agora não tocam nem mesmo o chão que piso, por sonhar noite e dia
porque meus pés tocarão todos os solos num estalar de dedos
porque quando conquisto, logo me enjoo e saio a procura de algo que me distraia por mais algum tempo
porque não quero nada de sério com a vida, nem ela comigo
porque nada é o suficiente nem bom o bastante
porque sou um poço sem fundo
porque sou imediatista e não posso esperar
porque tenho sede
porque tenho fome
porque não posso parar
porque não quero parar
porque tudo esta além de meu controle
porque quero me iludir
porque quero me enganar
porque quero me comprar
porque me esvaziei
porque as futilidades que tanto luto em dizer que não tenho serão o prato do dia
porque quero mergulhar na estupidez
porque cairei em tentação e em danação
porque acreditarei estar no paraíso, quando em verdade estou no inferno.

domingo, abril 02, 2006

O mar é uma coisa...

Só para lembrar meu fascínio pelo mar, desvendar muito além de sua superfície, submergir em sua profundidade e tornar-me oceano, por vezes calmo e gentil, por vezes violento e intolerante, quente ou frio, dançando sob seu próprio som.
Nem bom nem mau, natureza sem dono, sem nação, sem nome apenas a existir e ser o que é.
Quão distante de mim tua totalidade aparentou estar, quão próximo de minha totalidade sua ínfima fatia esteve sendo esta suficiente para levar-me a alma.

quarta-feira, março 29, 2006

Lembraças que se eternizam

A Vida é um lampejo repleto de magia, tão singela e complexa, ínfima nos transcende à imensidão.
Milhares de vezes procurei por seu rosto pela multidão na esperança de encontrá-lo onde quer que fosse, conhecendo no fundo a impossibilidade de meu desejo se realizar.
Queria que você estivesse aqui, nesse exato momento, sentado ao meu lado com o mesmo olhar sério e aventureiro que costumava ter.
De que é feito o espírito? O que é sagrado? Não saberia eu responder se não fosse pelo amor.

Amor é aspirar conhecer profundamente, não sendo possível descobri-lo por completo.
É navegar mares sem cessar.
É explorar sua infinita grandeza e apenas nela saciar-se.
É determinar-se vê-lo a si unido eternamente, mesmo que longínquo.
É transpor barreiras do tempo e espaço.
É desconhecer e pertencer a planos que a natureza alguma condiz.
É vagar sem destino, sem saber, nem entender.
É entregar-se sem como nem porque e nele viver.
É ter fé no que não imaginamos existir.
É ter coragem para buscar aquilo que jamais se pode ter.
É ter força para com isso viver e assim não desistir.
É almejar certeza onde existem apenas dúvidas.
É ganhar e perder chão.
É ser e não ser e dele não desvencilhar-se.
É estupor.
É agir sem alcance.
É caminho sem volta.
É abandono.
É humano e desumano.
É arte final.
O amor nada é a não ser aquilo que se espera que seja, pois perfeitos não somos no ato de amar, mas este em essência, perfeito é e isto é o suficiente para mantê-lo vivo.