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Mostrando postagens de dezembro, 2009

Pingo

Foi na véspera, meu companheiro Vi que estava cansado, seus olhos parados já não brilhavam mais Aconselharam-me escolher, já não havia mais jeito Meu companheiro já não poderia voltar para casa Uma dor silenciosa pairava, demorada como os suspiros que dava Meu amor era maior que o egoísmo que o impedia de partir Amigo, as flores que plantei, de você se alimentarão e por você florescerão Para que celebrem a vida que foi sua E então, deixei que se fosse, para nunca mais voltar

Uma corda no mar

A corda solta paira Embebida, morada de musgos Enegrecida, apodrecida No cais do porto Vaga uma corda solta Sucuri engolfada Levemente bóia Traça um caminho na água Sozinha corta o horizonte E se perde no mar

Quietude

Eu e o tempo Caso de amor que se encerra a cada esquina Chama acessa que se apaga a cada sopro em dias de ano Janela aberta que se fecha na tempestade Um destino se traça a cada vereda Entre sorrisos sentimentais Sobre teu peito minha cabeça se apazigua Esse teu coração a tocar Notas palpitantes Ritmo a saltar na escuridão (salutar) Preso à mortalha do peito Cela a se exaltar Pondo termo à mazelas minhas No seu coração se aquieta o meu Vem num beijo me pacificar Atmosfera fina em estação calmosa, no céu puro a forrar a noite.

Assombro

Na madruga tilintam os ossos, sucatas velhas da escuridão, ruína antiga O aparelho de som tem olhos que me reprovam, me espreitam no escuro da noite Os ruídos que se arrastam pelos encanamentos presos no interior das paredes são monstros fantasmas Os insetos que se agacham pelos rodapés, mutantes gigantes, zunem, me zombam Este lugar é um veneno, traiçoeiro, sono mortal Milhares de olhos, espalhados pelas paredes, pelas portas e frestas, janelas e móveis, espelhos, vidraças, por trás das cortinas me espreitam, me vigiam, me devoram E eu aos poucos vou desaparecendo, parte por parte na escuridão, sumindo... sumindo.... Dentro desse encargo oco não me sobra nada, além do assombro, do rombo, um escombro.

Noite

Sua doçura é quase um beijo Sua alma vacila Extrema, indolente Pouse longe estes seus olhos Não ousaria jamais desejar olhos como os seus Essa sua presença incomoda desassossego entre os lençóis Se alterna entre suave e pungente, um sopro, um pregoar Cravando profundas garras negras, silentes, laços de dor Movimento desordenado, paixão, calor latente dos corpos De repente... um intervalo livre de febre Traz um mergulho ardente, queimando Uma vertigem, tentação súbita Então aos poucos recua, arrefece Vem a velar o meu sono, deita-se por sobre meu corpo Envolve minha garganta, impedindo-me o ar de chegar aos pulmões Seus olhos imensas estrelas fatais pesam sobre os meus, pequenos mortais Ameaça levar simula tomar, me deixa o sabor de que a nada pretende possuir E então desliza devagar acima do teto que me impede o olhar Da totalidade de sua beleza, opulência dos corpos celestes Encerrada numa cúpula negra salpicada de pontos luzentes Guarda um silêncio impossív