Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2007

Medo

Tenho medo. Medo de mim e de todos os outros. Medo de olhar e ver. Medo de descobrir tudo que existe por trás deste rosto. Medo de que esta expressão não exista. Medo de que as lágrimas que rolam sejam ilusões. Medo da angústia que corre dentro destes olhos. Medo de assistir às provas entranhadas na superfície desta íris esverdeada e brilhante. Medo de escutar esta voz. Medo de ouvir o que tem a dizer para o reflexo no espelho. Medo de perder o chão. Medo de descobrir sobre esta natureza. Medo dos crimes cometidos involuntariamente, deliberadamente cientes de si mesmos. Medo dos resultados e diagnósticos. Medo da escuridão que se perpetua. Medo das falhas, erros, tentativas e posteriores acertos que acertam contas no futuro. Medo das dívidas contraídas. Medo das contribuições e transgressões. Medo da conformidade, da realidade. Medo da dor e da sujeira. Meda da esfera de ação alcançada. Medo do descontrole. Medo do despotismo. Medo da liberdade. Medo de que

Preocupações preocupantes

Preocupo-me quando comigo preocupam-se, porque assim em mim se exaltam preocupações preocupantes e me preocupo muito mais! Não há portanto, com o que se preocupar, pois estou em perfeito estado mental, espiritual, intelectual. Físico, corpóreo, material, natural, neural, emocional. Cardíaco, maníaco. Caduco, aluado, esquisito. Excêntrico, lunático, paranóico. Demente, decente, impaciente, paciente. Exaltado, tresloucado, desarmado, apiado. Desmanchado, manchado, rebocado, estilhaçado. Abatido, arrebentado, arruinado. Esfacelado, despedaçado, desalentado, arrochado. Falido, fatigado, fendido. Quebrantado e permutado. Por fim preocupado.

Espaços vazios, linhas em branco.

Me definam, em algumas linhas do espaço em branco ou em todas elas, não ultrapasse a margem. Me definam da forma que quiserem definir, sejam suas idéias e opiniões claras ou não, sejam elas baseadas ou não na realidade dos fatos. Aqui a realidade não sou eu e sim vocês, portanto definam nas linhas vazias do espaço em branco o que sou, baseado em suas impressões e no que acreditam. Definam se sou boa ou má, Definam se sou tudo ou nada, Definam se estou apta ou não, Definam se amo ou não, Definam se sou luz ou trevas, Definam livremente através de um olhar que seja, Definam, por favor, o que não sou capaz de definir, Definam bem ou mal, afinal são vocês e não eu, Definam no espaço em branco e nas linhas vazias, porém não ultrapassem as margens... Nos espaços em branco e nas linhas vazias, vocês podem me definir, podem me desenhar, me escrever, me editar, me construir, me destruir, me reconstruir, me apagar, me colorir... Onde não há nada todos podem tudo... Preencham

Liberdade

Porque esse ciclo? Você começa e começa muito bem, no papel de uma criança que absorve os ensinamentos que lhe são passados a respeito do mundo e como uma descobridora deste mundo cria seu próprio mundo em meio a brincadeiras. Daí os pais e as pessoas ao seu redor começam a te influenciar involuntariamente com suas opiniões, crendices e com seus medos, a partir deste momento algo já lhe é roubado, mas não é algo que se possa perceber no momento em que acontece, porque as coisas acontecem com tanta naturalidade, a final sempre foi assim... É natural lhe roubarem uma parcela de sua liberdade, posto que você sendo uma criança, não possui ainda uma estrutura de caráter formada, portanto não sabe discernir o certo do errado, o bem do mal e assim por diante. Então é necessário que lhe roubem este bem, posto que você não está ainda em condições de decidir por si próprio. Quem decide o que você não pode decidir, são os que por lei, podem decidir (faz sentido?). A primeira fase da perca v

Tiros no escuro

Atiraram em mim e cai escada abaixo. Atiraram e acertaram. Atingiram-me nas víseras. Antigiram-me no coração e o explodira em pedaços. Atiram-me na cabeça e fizeram de meu cérebro fragmentos. Atingiram-me nos membros e me privaram os movimentos. Atingiram-me nos olhos e os tiraram de suas órbitas. Atingiram-me nos ouvidos e desfizeram-se meus tímpanos. Atigiram-me na boca e me tiraram a palavra, me tiraram o sorriso... Eu atirei... O som do projétil disparado no ar ecoou. Atirei na escuridão e acertei. Atingi a máteria estática. Atingi nada mais que o espaço, mas no espaço havia algo... Atingi o tempo, mas no tempo havia algo... Atingi o que me atingiu e juntos agonizamos, nos esvaimos em sangue imundo, que inundou tudo ao redor. Ambos atingidos, estancamos o fluxo, costuramos os furos... Glóbulos brancos e vermelhos espalhados, perdidos, nos enfraquecendo aos poucos pela perca incessante. Me desfiz, me descontrolei e atirei para todos os lados. Atirei e acertei o

Nada além

Ao redor o que se tem não é apenas o que se pode ver. O que se diz ter passado e ficado, não fica não. Irreversão. Possibilidade de impossibilidade. Definição indefinida. Desintegração e reintegração. Disseram-me: "Faça o que tiver de fazer e não olhe para trás". Não irei olhar. A intensidade não se pode prever, nem mesmo a velocidade. E disseram-me: "Assim a vida é". Sim assim é. Assim se conjugam os verbos. Assim foi, assim é e assim será. Vidas conjugadas e julgadas num conjugado apertado de idéias. Papéis e papelões. Figuras e figurões. A imagem foi contida no papel. E o papel contém o que jamais poderá ser contido. A alma já se foi, se é que se pode nela acreditar. A muito no que se acreditar e não há nada no que se acreditar. Um devaneio... Acorde não há nada além de si mesmo, os outros são os outros. Acordei e sim os outros ainda são os outros, mas alguns são muito além dos outros. Alguns sou eu e muito mais, são eu e minha dor, são e