Meu olhar se alinha entre as grades de ferro para ver o tempo chegar. A beleza que apreendem é a beleza do mundo que se estende além dos prédios da cidade. As nuvens viajam pesadas, pairando acima das montanhas rochosas, vêm confirmar a previsão meteorológica. Estou ainda na fronteira entre o previsto e a evidência, o fato segue independente das fronteiras do saber. Olho a paisagem tentando não traduzi-la em verdade, deixo prevalecer as sensações que os olhos não concebem, e então, sinto o dia virar noite. A cidade perde seus contornos projetados em linhas retas, curvas sólidas, abrindo espaço à imensidão do mundo e o frenesi concreto revela sua insignificância. Carne humana, ruído mecânico, brisa mista de gazes tóxicos, confinados em uma panela de pressão. No silêncio irrompe o grito da multidão, matéria bruta convertida em mercadoria. Impassíveis, utilitários, aparentemente saborosos, servidos prontos para o consumo. Aqui tudo acontece sob a lei da pressão atmosférica, lá f