Corre um rio, no jardim das profecias,
Um rio de águas turvas, nervosas, revoltas.
Um rio retesado, no limite, temperamental.
Veio extenuado, minguado.
Veia rasgada,
Lama escarpada,
Artéria exaurida,
Penetra verdes pradarias,
Goteja perene teu sangue à revelia.
Filo marginal.
Curso retrátil, caudaloso.
Líquido viscoso, venenoso.
Nocivo, repulsivo.
Um rio assombrado pelas almas,
Assoreado pelos corpos,
Assolado, desolado pela dor.
O rio se reflete, se sorve,
Regurgita desespero, ânsia.
Revolve o pesar, a tristeza, o desespero.
Ressentido de tuas águas, do teu plasma, do teu sumo.