Sentadas no chão, cúmplices ambivalentes, sussurramos segredos cruéis.
Tão pura e crua livre de mim.
Sua voz é suave e me encanta.
Seu perfume é jasmim, sua presença divina.
Ergue em brinde uma taça de vinho, quente, doce, suave, servil...
Meu rosto, nas sombras, se esconde do seu, manchado, borrado, pintado, culpado.
Devolvo-lhe o brinde num tubo de ensaio, gelado e amargo, abismo absinto.
Amável me afaga os cabelos, me deita no colo, compadece.
Meus gestos agrestes, implacável me esquivo.
Seus olhos tão dóceis procuram suporte, molhados, sinceros.
Minha língua afiada te injeta veneno, te expulsa pra longe, te quebra cristal.
Te empurro, te excluo, simplória, te amo.
Tão longe, estou perto, sou ferro, sou cal.
Tão perto está longe, é favo, é terra.
Te espero no eterno.
Num instante me espere.
Para sempre quadradas, redondamente enganadas.