Desapareço assim do nada
Reapareço assim como quem nada quer
Saio de fininho e me esquivo na multidão que me esbarra
Observo tudo de longe
Como se pudesse repousar no movimento do universo
Em silêncio a dançar sob o burburinho
Distante a evitar olhares indiscretos
Como se me pudesse esconder por trás de uma cortina invisível
Privando-me de alheia presença
Sem fazer-me notar, nada noto além de mim mesma
Envolta a estranhos íntimos e semelhantes
Impessoais e acelerados, personagens de si mesmos
Eu ponto fixo num sossego desbotado
Calado e sufocado assentado na platéia
É a estréia do espetáculo a cada dia em que me jogo na corrente deste jogo.