quarta-feira, março 28, 2007

Liberdade

Porque esse ciclo?
Você começa e começa muito bem, no papel de uma criança que absorve os ensinamentos que lhe são passados a respeito do mundo e como uma descobridora deste mundo cria seu próprio mundo em meio a brincadeiras.
Daí os pais e as pessoas ao seu redor começam a te influenciar involuntariamente com suas opiniões, crendices e com seus medos, a partir deste momento algo já lhe é roubado, mas não é algo que se possa perceber no momento em que acontece, porque as coisas acontecem com tanta naturalidade, a final sempre foi assim...
É natural lhe roubarem uma parcela de sua liberdade, posto que você sendo uma criança, não possui ainda uma estrutura de caráter formada, portanto não sabe discernir o certo do errado, o bem do mal e assim por diante. Então é necessário que lhe roubem este bem, posto que você não está ainda em condições de decidir por si próprio.
Quem decide o que você não pode decidir, são os que por lei, podem decidir (faz sentido?).
A primeira fase da perca vem repleta de dor momentânea, ou seja, a "birra" que uma criança faz quando seus desejos não são realizados, a dor da liberdade que lhe foi tirada no momento é intensa porque a criança não entende ainda o porque de não poder realizar seus desejos no momento em que sente vontade.
Daí ela passa ao longo dos anos um lento e doloroso processo de perca gradual de sua liberdade, até que se torne madura o suficiênte para entender que a liberdade tem limites e que esses limites devem ser respeitados para que não aja uma punição.
A punição existe para aqueles que não são e não foram capazes de conter suas vontades visando realiza-las a qualquer custo, mesmo que seja preciso passar por cima de uma série de leis e conceitos.
E se todos fossem livres sem regras a seguir? Não isso não poderia ser!
Porque as pessoas são dotadas de naturezas diferentes e sendo assim, quem garante a ordem? Poderia-se questionar o porque da ordem.
A ordem existe por uma necessidade e essa necessidade surgiu de pessoas que tiveram "seu espaço" roubado, essa noção de espaço nem sequer existia, pois as noções surgiram depois, mas havia com certeza o desconforto, algo que não se poderia explicar exatamente e esse desconforto gerava uma necessidade e a necessidade gerou um acordo geral entre os membros de um grupo que se entendiam sobre o efeito do maldito desconforto.
Não se chega a um acordo, não se toma uma decisão ao menos em grupo, assim de forma tão simples até porque como disse as pessoas tem naturezas diferentes, portanto necessidades diferentes, mas através da discussão pode-se chegar a um consenso.
A discussão, a reunião como concebemos hoje não é nem de perto as mesmas de quando as necessidades gerais começaram.
O fato então são as diferenças, desde as mais insignificantes às mais discrepantes, muitas vezes dizemos que o povo é uma massa guiada pelos seus respectivos líderes e que essa massa é totalmente influenciável, pois não possui uma opinião formada e daí uma série de outras carências intelectuais que lhes foram ou não impostas. Mas essa massa não pode ser apenas uma massa única e homegênea, pois dentro dela existe uma série de diferenças e diferenças essas que em suas respectivas realidades são muito grandes.
Um observador distante da realidade que analisa, pode considerar as diferenças como insignificantes, quando na verdade não são, pelo menos não a realidade em que estão subscritos o grupo em questão.
As massas formam ciclos, mas a massa não é um só pensamento, a massa não almeja sempre as mesmas coisas, a massa somos nós, ela é todo e qualquer um. A massa não se distingue, mas nós nos distinguimos e os outros também.
O ciclo se iniciou, não se sabe bem onde e nem quando exatamente. O ciclo de contenção dos desejos, de contenção das vontades, de aspiração para um futuro melhor. O ciclo do sonhar para suportar a realidade, para carregar o mundo que se sobrepõe ao que somos ou ao que gostaríamos de ser, o ciclo da natureza e condição humana.
Acompanhada do ciclo, vem a realidade que dele não se desprende, a realidade é determinada pelo próprio ciclo, mas não só por ele, antes de mais nada é determinada pelas pessoas.
Como pano de fundo temos o tempo que circunda o ciclo e a realidade, mas o tempo foi só uma criação das pessoas assim como a realidade e como se não bastasse temos o espaço em que nos situamos, sem isso estamos perdidos, é o fim ou o começo não sei dizer... Nem sei se somos porque o que nos define é um emaranhado complexo proposto pelo ciclo vicioso, selado pelo tempo e espaço.
Então situados no espaço vagamos por uma série de lugares, em alguns acredita-se que podemos encontrar a paz, a felicidade e em outros já nem tanto, mas o problema é que os lugares são sempre impositivos, tentam sempre nos moldar com o tempo como se fossemos traços em um quadro, os lugares são cruéis com a alma e eles fazem isso a troco de que?
No começo somos livres forasteiros, mas com o tempo você precisa se encaixar como uma peça no quebrar cabeça, para que a imagem não seja danificada.
Você como personagem da cena representada no ambiente em que está, é colocado em seu lugar para que tudo esteja nos conformes e a cena possa continuar em perfeita ordem dentro dos limites do roteiro.
Porque será que almejamos algo tão distante como a liberdade em sua totalidade?
Porque precisamos vencer tantos obstáculos para atingir uma ínfima parcela de liberdade?
Porque os humanos precisam de toda essa teia e ao mesmo tempo sentem vontade de se desvencilhar da mesma?
Até quando a humanidade irá se manifestar?
Me pergunto porque a vida é esse ciclo sem fim.

terça-feira, março 20, 2007

Tiros no escuro

Atiraram em mim e cai escada abaixo.
Atiraram e acertaram.
Atingiram-me nas vísceras.
Atingiram-me no coração e o explodira em pedaços.
Atiram-me na cabeça e fizeram de meu cérebro fragmentos.
Atingiram-me nos membros e me privaram os movimentos.
Atingiram-me nos olhos e os tiraram de suas órbitas.
Atingiram-me nos ouvidos e desfizeram-se meus tímpanos.
Atingiram-me na boca e me tiraram a palavra, me tiraram o sorriso...
Eu atirei...
O som do projétil disparado no ar ecoou.
Atirei na escuridão e acertei.
Atingi a matéria estática.
Atingi nada mais que o espaço, mas no espaço havia algo...
Atingi o tempo, mas no tempo havia algo...
Atingi o que me atingiu e juntos agonizamos, nos esvaímos em sangue imundo, que inundou tudo ao redor.
Ambos atingidos, estancamos o fluxo, costuramos os furos...
Glóbulos brancos e vermelhos espalhados, perdidos, nos enfraquecendo aos poucos pela perca incessante.
Me desfiz, me descontrolei e atirei para todos os lados.
Atirei e acertei o alvo errado.
Dei as costas e acertaram-me, até que nada mais pudesse ser feito.

quarta-feira, março 14, 2007

Nada além

Ao redor o que se tem não é apenas o que se pode ver.
O que se diz ter passado e ficado, não fica não.
Reversão.
Possibilidade de impossibilidade.
Definição indefinida.
Desintegração e reintegração.
Disseram-me: "Faça o que tiver de fazer e não olhe para trás".
Não irei olhar.
A intensidade não se pode prever, nem mesmo a velocidade.
E disseram-me: "Assim a vida é".
Sim assim é.
Assim se conjugam os verbos.
Assim foi, assim é e assim será.
Vidas conjugadas e julgadas num conjugado apertado de ideias.
Papéis e papelões.
Figuras e figurões.
A imagem foi contida no papel.
E o papel contém o que jamais poderá ser contido.
A alma já se foi, se é que se pode nela acreditar.
A muito no que se acreditar e não há nada no que se acreditar.
Um devaneio...
Acorde não há nada além de si mesmo, os outros são os outros.
Acordei e sim os outros ainda são os outros, mas alguns são muito além dos outros.
Alguns sou eu e muito mais, são eu e minha dor, são eu e meu prazer, são eu e minha razão, minha força, minha sanidade e insanidade, minha totalidade incompleta, meu eterno amor e gratidão.
Claro, são eu e muito além do que sou, porque sem alguns nada sou.
São o melhor dos melhores e não é preciso nada além do que são.

terça-feira, novembro 21, 2006

O Bêbado e a platéia

Gostaria de saber do que as pessoas estão a falar e o que pretendem, cada qual no seu canto a escrever como eu ou como qualquer um.
Um bêbado jogado as traças na noite fria caminha descalço... O sangue lhe ferve nas veias, um ódio, uma fúria se levanta dentro dele, será o efeito do álcool? Ou será o efeito do rumo que tomou sua vida?
Berra versos que ecoam no espaço frio da noite escura e calada, os animais o ouvem e fazem um estardalhaço.
Seu público ele o espera... Quer uma plateia? Quer que o aplaudam? Quer que o vejam?
Dança e desajeitado tropeça em obstáculos invisíveis, quer se apresentar ao mundo? Quer que o conheçam, quer ser assunto da hora do dia e da noite, quer chorar, mas seu coração não lhe responde as emoções...Onde estão todos?
Os animais não lhe bastam, ele quer mais...
A natureza ao redor não lhe basta, quer um ser que o ouça como esta ele acostumado a ouvir de todos os outros.
A noite, o tempo, o espaço, as estrelas, o céu, o infinito do universo em silêncio a ouvi-lo não lhe basta, quer ele o som de uma voz que o note, que o inveje ou que o ame... Que possa ser capaz de expressar qualquer sentimento meramente humano.
Seus próprios sentimentos que explodem e anuviam sua mente não lhe bastam, ele busca algo lá fora, busca uma luz que o coloque em destaque nesta noite tão estúpida.
O palco esta montado, as luzes acessas, seus discursos decorados, sua paixão está no auge ele está pronto, mas algo lhe falta... Sim algo mais importante que o espetáculo em si, mais importante que ele e seus sentimentos é a plateia... Onde estaria sua plateia?
Quando declarasse seus erros, exaltasse suas virtudes, quando confessasse seus sonhos, quando se orgulhasse de sua coragem, quando admitisse seus medos e inseguranças, onde estaria a platéia para dar-lhe atenção?
E quando revelasse seu passado e suas esperanças, quem o aplaudiria?
E sobre suas vitórias e derrotas, quem se expressaria?
Que sentido faria seu espetáculo se não houvesse uma única alma que não a sua para ouvi-lo?
O bêbado grita ainda mais alto e se desespera, ele precisa se mostrar quer que o conheçam!
Ele diz: Malditos onde estão? Preciso dizer-vos quem sou, quem prendendo ser, quem fui e no que me transformei!
Mas ninguém lhe responde, ele perde então o chão, o ar lhe falta, o peito dói, seu corpo treme, sua mente se entrega ao medo de não existir, ao medo de nada ser, pois ninguém o vê e acredita que se não podem vê-lo não seria mesmo nada além de um ninguém...
Pois quanta dor sinto no ar, quanto medo... o ar esta carregado de desespero, de pressa e ele envenena a todos nós.
Nos assassina aos poucos, nos enlouquece, deixa apenas uma insatisfação no fim das contas, um sentimento de culpa, de que algo ainda falta.
É um ciclo vicioso que aprisiona todas as almas, as mentes são colocadas numa prensa, os olhos perdidos no espaço a procura de algo, o coração trancado no peito e a liberdade de expressão como lei absoluta: Vejam no que acreditamos! Vejam só os ideais pelos quais lutamos! Vejam no eu acredito, vejam minhas opiniões, vejam só como são as coisas, vejam como isso é errado! Vejam como tudo está certo do meu jeito!
Vejam, pois se ninguém vê o que digo que vejo e o que quero que vejam, nada faz o mínimo sentido.
É preciso sempre que alguém esteja vendo para que eu exista realmente, mas infelizmente isto não é possível, é um sonho tolo... Quanta coisa foi dita, quanta teoria afirmada e depois derrubada, quanto sangue derramado por verdades que no futuro foram desmentidas, quanta verdade foi mentira e quanta mentira ainda é verdade.
Verdade e mentira, o que são? Como saber?
Isso a plateia que esperamos nos dirá e nós que também somos plateia o que diremos a ela?
Se nada precisássemos dizer, nem provar... Quem sabe fossemos imortais e de nada dependesse nossa existência, além de nós mesmos.

terça-feira, novembro 07, 2006

Mumúrios

Eu cá a andar e eles lá no horizonte!
Eu aqui e eles passam por mim...
Eu só a andar, pelas ruas e ruelas e eles por vezes sós, por vezes em grupos, grandes ou pequenos, tanto faz... Ruas, ruelas...
Eles e eu paráramos ante todas as coisas que para eles ou para mim valem nossa atenção.
Eles e eu, seguimos em frente e eles e eu sabemos ou não...
Eu o olho que os observa, sou aquele que os vê, mas que não saberia dizer se são ou não são...
Penumbra, luz fraca refletindo uma fé secular, seja ela qual for. Há no ar um movimento leve de mentes, todas elas se chocam gerando uma explosão sem som, tudo ocorre no vácuo onde o som não se propaga por ser uma onda mecânica...
Murmúrios! Alguém se confessa e alivia a alma.
Murmúrios... alguns oram calados mantendo a fé.
Murmúrios... e as portas se fecham!
Murmúrios! Soam os sinos.
Nos símbolos repletos de infinita significância transparece a crença.
A missa começa, ali todos estão em busca D’Ele e eu em busca de que?
Por certo me viro e de costas pra eles de tão bela fé, de costas pra Ele que dizem ter por nós todo amor, abro uma fresta e retiro-me. Sim me vou deste mundo criado por eles e em busca de qual devo ir a não ser do meu mesmo?
Alguns não entendem e não me esforço para isso.
A verdade tem dono? Se tiver não sou eu... Nem levo em conta quem diga saber.
Sigo em frente, pois parar ninguém pode, esse é o lema do que quer que seja.
Eu me vou, deixando o calor, deixando a fé e agora aonde vou?
Lá fora na chuva, no frio, no vento, na incerteza, meus pés doem... Onde estou?
A ponte! Eu a vejo! Esta lá, não em foto, mas em realidade, em meio ao mal tempo eu à atravesso. Em sua outra extremidade não há nada, ora, mas como não?! Seja o que for não será o meu fim.
O que foi um dia, hoje já não é mais.
Muito se perde, mas muito se ganha...

Chico Buarque - Roda Viva
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade pra lá ...

quinta-feira, setembro 21, 2006

Do lado de cá

Esse texto escrevi em meu terceiro dia aqui em Brno, devo antes de mais nada me desculpar pela falta de acentos mas o teclado sendo tcheco fica complicado, mesmo configurado para versão em inglês não é a mesma coisa... meu Deus consegui botar acento vejam só, mas leva tempo para descobrir os comandos de acento hehehe puxa vida que loucura!
De volta ao texto, que não passa de um punhado de palavras, por vezes soltas, que expressam minha primeira impressão a despeito deste novo mundo, meus pensamentos e sentimentos.
Apesar de já ter aprendido a andar pelo centro da cidade, sinto-me deslocada, não faço parte deste lugar, mas com certeza este lugar já faz parte de mim.
As vezes enquanto caminho a fim de conhecer e passar o tempo, penso que estou em alguma cidade do Brasil, apesar de o estilo e das construções aqui desmentirem minha ilusão. Acredito que se sua mente se abre afim de absorver tudo de novo que este mundo tem a oferecer, as coisas tornam-se bem mais aceitáveis e até divertidas. É engraçado passar pelas pessoas na rua e não mais ouvir minha língua, é um ouvir e não ouvir já que não posso entender o que estão dizendo. Neste momento assumo o papel de uma forasteira que jamais soube se situar, não me adequo, não me encaixo, parece-me que sempre fora assim, mas sinto na pele o que isso quer dizer não só em minhas reflexões, agora tudo está em prática.
Quando me comunico com as pessoas nos cafés, restaurantes e supermercados, estas mal me entendem (quando não falam o inglês) o que elas pensam? O que elas veem?
Veem uma desconhecida que não pertence a lugar algum, como poderia me definir? Se é que algum dia me defini... Como sempre costumo dizer e repito, uma vez mais: Não faço questão de me definir, pois deste modo estaria optando por um modelo que ainda poderá sofrer transformações.
Não há nem haveria como saber a forma com que lidaria com meus sentimentos.

O impossível é apenas aquilo que ainda não vimos...


quinta-feira, agosto 24, 2006

O reflexo das flores

Acordei e senti que nada havia mudado tudo se repetia. Todos pareciam serem os mesmos, de horas e milênios atrás.
Eu queria gritar, minhas mãos tremiam, meu corpo estava cansado, talvez não só ele. Imaginei-me caminhando em um imenso jardim, repleto de flores, todas elas repletas de vida, que por sua vez repletas de alma.
A imagem foi se dissipando, as cores misturavam-se, não conseguia mais distinguir entre uma e outra.
As flores se uniram gerando uma só flor que continham todas as outras em seu ser. Ela brilhava como o sol no zênite, pude então perceber que possuía milhares de pétalas e que em cada pétala havia um espelho que refletia centenas de imagens iguais a sua. A unidade continha em si a multiplicidade.
Pareciam idênticas, mas se me aproximasse um pouco mais veria que são únicas, não podendo haver outra igual.
Arranquei-a da terra e contemplei sua beleza, pude senti-la, pensei poder tê-la comigo para sempre, mas senti que algo nela fugia ao meu controle, seu bem mais preciso, era sua vida que se esvaia em minhas mãos.
Isso eu não poderia deter, ela estava partindo para além de meu ser.
És minha, pois do contrário não desabrocharia.
És minha, mas foge ao meu entendimento.
És minha, mas não me pertence.
És minha, mas ultrapassa meus limites.
És minha, mas ascende a um posto que não poderei tomar.
És minha, mas caminha onde meus pés jamais poderão tocar.
Afirmo-te seres minha, mas não o és.
És alma e a ninguém pertencerás.