Atiraram em mim e cai escada abaixo.
Atiraram e acertaram.
Atingiram-me nas víseras.
Antigiram-me no coração e o explodira em pedaços.
Atiram-me na cabeça e fizeram de meu cérebro fragmentos.
Atingiram-me nos membros e me privaram os movimentos.
Atingiram-me nos olhos e os tiraram de suas órbitas.
Atingiram-me nos ouvidos e desfizeram-se meus tímpanos.
Atigiram-me na boca e me tiraram a palavra, me tiraram o sorriso...
Eu atirei...
O som do projétil disparado no ar ecoou.
Atirei na escuridão e acertei.
Atingi a máteria estática.
Atingi nada mais que o espaço, mas no espaço havia algo...
Atingi o tempo, mas no tempo havia algo...
Atingi o que me atingiu e juntos agonizamos, nos esvaimos em sangue imundo, que inundou tudo ao redor.
Ambos atingidos, estancamos o fluxo, costuramos os furos...
Glóbulos brancos e vermelhos espalhados, perdidos, nos enfraquecendo aos poucos pela perca incessante.
Me desfiz, me descontrolei e atirei para todos os lados.
Atirei e acertei o alvo errado.
Dei as costas e acertaram-me, até que nada mais pudesse ser feito.