De dia se pintam tal qual boneca de louça
Os olhos são dois borrões negros
Sobre estes uma névoa azul se espalha
O rosto envolto a uma nuvem de pó
A boca de um vermelho escarlate
Colares de contas diversas serpenteiam lhe o colo
Ornadas de pulseiras e brincos pendurados puxando-lhe os lóbulos
Vaidosas se esgueiram pelas ruas, ônibus, lojas, cafeterias
Bailam, oscilam no tempo
Detêm-no
Estancam-no
Impedem-no
Quem sabe, brincam com o tempo
Ele vem chegando, e digo não
Vem sussurrando, finjo não ouvir
Me engole, me vomita
Passa, repassa, nos marca
Passa, repassa, nos mata
Implacável
Sutil
Há de chegar o tempo
E com sua chegada haveremos de partir