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Sintam-se a vontade para decidir


Lendo algumas notícias consideradas polêmicas e lendo várias opiniões sobre essas notícias do momento, do ano passado ou do século passado, percebo uma coisa: Ficam um bando de gente chamando o “outro” ou os “outros” de tolo, idiota, irracional, vingativo, frouxo, conformista, sacana, cego, dentre vários outros adjetivos negativos, sobre suas posições diante dos fatos noticiados, muitas vezes com fervor, tanto por parte de quem é a favor da posição de quem noticia os fatos quanto por parte de quem se coloca contra suas posições (mesmo que no meio jornalístico se insista em dizer serem pretensamente neutras suas posições diante do fato noticiado).
Então parece mesmo que somos todos, sem exceção, IDIOTAS, cada qual no seu mundinho, com suas verdades. Mas cada indivíduo inserido em seu mundo particular forma uma grande massa dentro de um mundo maior e mais abrangente. Neste mundo maior que não é meu nem seu (afinal nós já somos donos de nosso próprio mundo particular) não existem verdades absolutas, se alguém acha que é dono da verdade está enganado, pois ninguém é dono da verdade! Portanto não vamos deixar que ninguém venha nos dizer o que devemos ou não fazer! Se em nosso universo de idéias achamos que devemos agir em pró de uma causa, pois então vamos agir sem esperar que os outros concordem, pois esses outros já têm suas verdades estabelecidas em seu universo de idéias.
Se alguns querem pensar no que fazer diante dos fatos de forma sóbria e sensata (se é que existe sobriedade na maioria de nossos atos) vamos então deixar que estes fiquem pensando no que fazer!
Se alguns querem agir agora diante dos fatos, impulsionados pelas idéias que os movem em direção a uma ação, pois então vão em frente!
Se alguns são contra aqueles que optaram por agir diante de um fato, porque acham que aqueles são um bando de alienados, tolos, irracionais, frustrados, ou um bando movido por besteiras que não conseguem nem sustentar seus próprios argumentos, então não participem do movimento, pois fiquem a vontade para propagar suas opiniões bem embasadas!
Todos de alguma forma crêem estarem certos sobre alguma coisa, todos acreditam em alguma coisa, nem sempre as opiniões irão convergir para o mesmo ponto e, na maioria das vezes, não vão mesmo, afinal cada um tem já sem mundinho particular, com suas opiniões já formadas, suas crenças, seu discernimento e tudo o mais já estabelecidos, pois então façam o que acham certo, lutem pelo que acreditam, ou fiquem no campo das divagações ou quem sabe não lutem por nada!
Mas saibam que ninguém é dono da verdade! Agimos dentro das normas pré- estabelecidas, da moral, da ética, dos direitos e deveres como cidadãos, e devemos sim, procurar sempre segui-las da melhor forma possível, pois se não fizéssemos isso não seria possível vivermos em sociedade. Porém, não há como fazer um manual de como interpretar e enxergar os fatos que ocorrem no mundo que valha para todas as pessoas, não há formas de fazer um manual que ensine todas as pessoas a pensarem da mesma forma.
As pessoas a principio decidem no que irão acreditar, claro que esta decisão é influenciada por uma série de outros fatores externos que nos são impostos no dia-a-dia, estamos todos sujeitos a manipulações, e devemos todos seguir uma linha padronizada de formas de agir em sociedade, mas dentro de toda esta massificação, dentro de toda esta padronização somos ainda indivíduos e por isso decidimos, não sem influencias externas, mas ainda assim decidimos. Podemos não ser totalmente livres para decidir sobre qualquer coisa, mas dentro de nossa liberdade restrita somos capazes de decidir a conduta que iremos tomar diante dos diversos fatos da vida. Portanto, sintam-se a vontade para decidir. Mas diante das possibilidades, vamos nos esforçar pelo menos um pouquinho para agirmos com maior tolerância diante das diferenças, para não cairmos nas sombras do preconceito, vamos procurar entender melhor o próximo, respeitá-lo, vamos experimentar saídas menos egoístas.
Lembrando que estas são apenas saídas apresentadas, claro que nem todos concordam, são reflexos da forma como interpreto e enxergo o mundo em que todos nós habitamos, é este o olhar do meu mundo para O mundo. Parece-me razoável que possamos contar com uma multiplicidade de olhares de mundos particulares para O mundo.


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