Eu tenho um nome, mas ainda não sei quem sou.
Eu tenho vários sonhos, mas ainda não sei quem sou.
Eu tenho várias perguntas a fazer, mas ainda não sei quem sou.
Eu tenho várias respostas a dar, mas ainda não sei quem sou.
O tempo está passando e eu ainda não sei quem sou.
O tempo continuará a passar e eu continuarei a não saber quem sou.
Não sei o que irá ocorrer quando eu souber quem realmente sou, se é que um dia irei saber.
Por enquanto me contento em dizer que sou um ser humano que tem suas vontades, que sonha, que tem suas opiniões, que tem suas crenças, que vê o mundo de certa maneira, que tem suas necessidades básicas, que apresenta controvérsias, que tem seus defeitos, que tem suas virtudes, que se questiona e que tem esperanças.
Eu não sei o que me espera no futuro, mas sei o que eu espero dele.
Eu percebo as coisas que vejo e toco e penso sobre as que não posso ver nem tocar, por enquanto isto é tudo, mas não é o suficiente.
Eu estou escrevendo, porque acho que assim irei exteriorizar o que sou ou o que acho que sou.
O que eu acho que sou é o que sou, mesmo isto não sendo verdade, porque também não sei até que ponto tudo isso é verdade. Digamos que seja verdade agora, mas talvez no futuro deixe de ser, pois no futuro certamente eu não serei mais esta pessoa que está escrevendo sobre si mesma, eu serei outra pessoa.
Assim, fica difícil saber quem realmente sou, porque todo tempo eu deixo de ser o que sou agora para ser o que sou depois.
Acho que quando descobrir quem realmente sou, serei tudo o que sou, o que fui e o que serei ao mesmo tempo.
É possível que eu seja não apenas um, mas vários ao mesmo tempo.
E se possível for, saberei que sou vários e não um, ou que sou um englobando vários.
Existiriam respostas para estas questões? E se existissem, seriam elas verdade?
E se algo hoje for verdade e amanhã já não for mais?
Isto significa que as verdade são mutáveis, portanto não são totalmente confiáveis e se não podemos confiar nem nas verdades, então no que podemos confiar?
Podemos confiar em nossas afirmações?
Se essas afirmações são propensas a transformações, hoje se firmam, mas um dia cairão por terra.
Um dia as respostas foram perguntas, mas hoje são o que são e o que são é o contrário do que foram.
A final, nada podemos controlar a não ser aquilo que achamos que podemos e isto me leva a perguntar o que seria então palpável.
Existe uma realidade, ou ela não passa de um mero conceito que criamos?
Se fomos nós quem criamos este conceito, como poderíamos garantir ser ele real?
O que sei agora é que na vida de nada tenho certeza, pois tudo nela esta em movimento.
Os momentos em sua individualidade são eternos, por existirem da forma como sempre foram no espaço e tempo em que se passaram, mas são um e não o todo.
Acredito que no todo de tudo, deva existir o todo de cada um, nisto creio já faz algum tempo e se continuar a acreditar, acharei que é verdade. Ainda assim não é garantido, mas faz parte do que fui e do que sou no momento, sendo assim, parte do caminho já fora trilhado.