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Se


Não deveria esperar pelo sol nem pela chuva de amanhã,
Nem me preocupar se o dia será bom ou ruim,
Ou se será como imaginei,
Não deveria jogar a bola com tanta força para o outro lado do muro, porque corro o risco de não encontra-la jamais.
Se olhar para trás, sei o que irei ver,
Se olhar ao redor, vejo o que ficou e imagino o que vem além do horizonte,
Se olhar para o espaço onde estou, insisto em pensar nos passos que dei e naqueles que quero dar.
Se ficar onde estou começo a esperar,
Se voltar para onde estava me vem a esperança de poder modificar os quadros tristes e reviver os mais felizes.
Jogo a bola para o alto, sei que irá cair mais rápido do que esperava.
Mera ilusão ter a bola em minhas mãos.
Chuto a bola para frente, mas não corro para ver onde vai dar.
A partir daí, apenas a certeza de que não adianta esperar ela voltar, pois sou eu quem deve ir buscá-la.

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Show de horrores

Tenho andado por aqui já não é de hoje Sempre me trazem de volta e de volta a qualquer lugar... Ao mesmo lugar Comprimo toda a extensão destes anos, dessa infinitude num pequeno invólucro A partir daí a consciência segue a se esquecer, a tornar-se gradativamente medíocre e pequena Apegada e presa, atada a valores e ilusões, venho mentindo estar tudo bem desde então Tapo os olhos para não ver o horror, tenho medo, não posso abri-los e encarar meu próprio rosto Temo as respostas às perguntas que faço, então me mantenho na superfície, adio a descida até as profundezas deste oceano desconhecido Estou sempre ponderando se vou mesmo fundo na verdadeira natureza da consciência a mover este veículo carnal perdido em sua pequenez Descobrir, buscar, aquilo que no fundo já sei, mas escondo para não perder o controle No silêncio profundo desta consciência infinita um aviso emerge de tempos em tempos: Não há como escapar, nem se esconder, você sabe! Este hospício de caminho
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