Se eu me calar para ouvir o som
O som que vibra de dentro
De dentro do meu coração
Não de um órgão, de sangue e carne
De um lugar sutil, quase imperceptível a olhos desatentos
Um lugar e som só meu
Não há início de um lugar nem fim de um som,
Sem que haja um no outro, confundindo-se em um só
Só então comecei a entender verdadeiramente o jargão daqueles que se voltam um pouco mais para a espiritualidade: “Meu corpo, meu templo”.
Volto os olhos para dentro de um templo infinito, ilimitado e destemido
E nada posso ver além da verdade desconhecida,
Sinto então minha alma se expandir para todos os lugares de uma só vez
Cresço tanto que nem sei o quanto, perdendo aos poucos a dimensão do meu tamanho, sigo viajando na infinitude de meu ser e não há lugar onde queira estar além de em mim mesma
Vou me achegando aos poucos a um universo jamais imaginado e então meu templo inunda-se de sensações milhares
Sigo eternamente levantando voo em meio a pousos variados no tempo e conquisto a certeza de que estou viva para sempre
Aqui dentro tudo se aquieta para deixar fluir a verdadeira força que nos move, deixo partir livremente o espirito outrora aprisionado ao corpo, deixo que se manifeste e mergulhe nas energias, onde a razão humana não pode alcançar e vou assim renovando a todo o tempo um ser que muito havia se esquecido.
Vou aos poucos desafrouxando os laços apertados com este mundo de ilusões e dramas diversos, para alçar livre.
Longo caminho a trilhar, milenares medos a vencer, infindáveis dramas a superar, mais a respeitar, mais a me desapegar das coisas e pessoas, mais a deixar para trás vícios e manias, menos bagagem a arrastar.
Vou pelo caminho deixando o peso das coisas, a fim de levantar voo rumo ao templo que em mim habita.