Pular para o conteúdo principal

Num mundo memória


Durmo e acordo tateando no escuro
Num mundo de memórias, apagado e chateado
Brumas cinzentas dos vestígios passados
Um suspiro que morre no peito.
Coração fraco e enterrado, soterrado de ilusões
Desculpe-me a dureza e o peso de meus sentimentos
A escureza de onde falo, a frieza dessa vida.
Peço compreensão, ainda que não carregue o fardo de sentimentos tão tolos e inúteis.
Como se preciso fosse pedir, já sabes...
Me espere, sei que espera, me espera com paciência infinita e um dia hei de chegar e tocar sua mão.
Por vezes vem e me abraça, quando me estendo até os limites do possível e eis um abraço...
Abraço daqueles que fazem calar tudo ao redor e então deixo de ser apenas eu e sou então...
Num mundo despedaçado e miserável como esse não nos resta nada além de memórias, como verdades absolutas, vontades resolutas.
Aqui acessamos o amor, pequeno pedaço de amor, por meio da memória guardada, prisão do passado, então deixe-me transmitir um pouco, quase nada do que sei do amor, assim através da lembrança, haja o que houver, fique com o melhor que existir de mim e então saberá um pouco mais desta coisa a que chamo amor.
Ao meu filho deixo um manancial de lembranças do dia em que fomos felizes.
Vai junto o amor a todos que já amam e principalmente a quem a muito deixou de amar, para que se lembrem da sensação que é abraçar tudo o que há, deixar-se arrastar pela energia pacífica de um universo infinito e desconhecido a silenciar nossas mentes sombrias.

Postagens mais visitadas deste blog

Possível

Se existe mesmo a imortalidade das coisas é possível ainda ver a chuva do outro lado do oceano É possível presenciar as auroras boreais tão distantes daqui onde o horizonte não alcança É possível ver o desabrochar das flores do extremo oposto do planeta É possível ver o nascer do sol de onde nunca o vi nascer É possível ver as florestas e sentir exalar o cheiro das coisas tão distantes de onde estou É possível ouvir as vozes e idiomas desconhecidos do meu É possível ver os rostos dos seres em realidades tão diversas da minha É possível ainda que não haja tempo experimentar tudo aquilo que não provei É possível saborear todos os gostos que não conheci   É possível me conectar a todas a pessoas que nem sequer imaginei É possível viver o dia que jamais esperei É possível deixar para trás É possível chegar ao destino É possível compreender definitivamente É possível alcançar completamente Vou inspirar profundamente E exalar o ar até que se acabe Enxergar o

Show de horrores

Tenho andado por aqui já não é de hoje Sempre me trazem de volta e de volta a qualquer lugar... Ao mesmo lugar Comprimo toda a extensão destes anos, dessa infinitude num pequeno invólucro A partir daí a consciência segue a se esquecer, a tornar-se gradativamente medíocre e pequena Apegada e presa, atada a valores e ilusões, venho mentindo estar tudo bem desde então Tapo os olhos para não ver o horror, tenho medo, não posso abri-los e encarar meu próprio rosto Temo as respostas às perguntas que faço, então me mantenho na superfície, adio a descida até as profundezas deste oceano desconhecido Estou sempre ponderando se vou mesmo fundo na verdadeira natureza da consciência a mover este veículo carnal perdido em sua pequenez Descobrir, buscar, aquilo que no fundo já sei, mas escondo para não perder o controle No silêncio profundo desta consciência infinita um aviso emerge de tempos em tempos: Não há como escapar, nem se esconder, você sabe! Este hospício de caminho
 Eu gostaria de me encontrar comigo mesma Em algum lugar fora do espaço tempo E então questionar todos os desejos despertos ao longo do tempo Eu me olharia nos olhos e estes estariam repletos e vazios Seria eu um ser insondável por natureza, se questionando como se isso estivesse em seu código genético Sempre um ímpeto insaciável me draga até os meus próprios mistérios, uma terra desconhecida que nunca consigo alcançar Porque a sonda que envio para dentro do meu ser nunca atinge uma superfície sólida onde possa pousar? E se eu vagar eternamente no espaço como poeira?