Certo dia me lembro ter visto um barco sozinho no rio de manhã bem cedo, o sol mal tinha nascido
Era um sujeito solitário, mais velho com chapéu na cabeça, desleixado
Havia remado ainda a pouco, ao redor do barco a água ondulava
Com um tipão cabisbaixo enrolou um fumo, acendeu o cigarro, tragou uma vez e seus olhos fitaram o horizonte, se perderam no nada, vazios
A fumaça do fumo se esvaiu
Se curvou para uma tosse rouca, aquele não era um pescador
Era um tipo calado que remava sem curiosidade, parecia conhecer todas as coisas, mas num instante pareceu ter se esquecido
Parecia não se importar com as coisas à sua volta, mas sei que não é bem assim, sei que não é
Aquele não era conhecido meu, do contrário eu poderia pensar que fosse meu pai chegando ou partindo
O homem do barco foi remando e passando devagar, não parecia ir a lugar algum, mas ele foi tão longe que ainda hoje me lembro
Não que isso interesse, mas hoje me parece um dia daqueles em que alguém rema perdido