Ao fim da tarde, quando o céu em brasas cede espaço ao marinho azul que se apaga às luzes estelares de vaga lumes distantes no infinito, vou-me até janela e o ar queima vapores sulforosos, CO2, tragos e urros de ônibus e carros.
Os bueiros, bocas imundas, arrotam insetos, hálito moderno da sujeira ordinária que aos poucos engole a cidade. Fecho a vidraça e de dentro vejo os insetos, pequenas cruzes do sacrifício humano, negros, brancos, amarelos, mistos, suspensos no ar, batendo compulsivamente suas cabeças na vidraça em busca de luz, em busca de sangue.
Um exército faminto de timbres, zunindo numa só frequência, do instinto, da sede, da fome. Milhares deles intentam invadir minha torre, meu observatório terrestre. Rufam os tambores a espreita de minha fraqueza, vontade minha de seguir para além do olhar inocente, deliberado a agir, envenenar-se de toda peçonha que à minha porta bate.
Os bueiros, bocas imundas, arrotam insetos, hálito moderno da sujeira ordinária que aos poucos engole a cidade. Fecho a vidraça e de dentro vejo os insetos, pequenas cruzes do sacrifício humano, negros, brancos, amarelos, mistos, suspensos no ar, batendo compulsivamente suas cabeças na vidraça em busca de luz, em busca de sangue.
Um exército faminto de timbres, zunindo numa só frequência, do instinto, da sede, da fome. Milhares deles intentam invadir minha torre, meu observatório terrestre. Rufam os tambores a espreita de minha fraqueza, vontade minha de seguir para além do olhar inocente, deliberado a agir, envenenar-se de toda peçonha que à minha porta bate.