terça-feira, agosto 20, 2024

Como eu posso te alcançar?

Forjei com as pedras uma ferramenta que fizesse encaixar nos meus pés sapatos antigos
Algo capaz de moldar essa coisa que me move pelo tempo e espaço de agora
A muito não chove e desaprendi a nutrir esse ser que me habita
O que faço dessa consciência que ocupa meu corpo?
Para onde devo guia-la?
Será que perdi o ritmo para conduzir?
Meu sinal não chega até ela, nem ela chega até mim
Eu até encontrei o caminho, uma ponte que por vezes surgia
Mas o desgaste natural das coisas que com o tempo se consomem, apagou os passos que eu havia dado em direção a ela
As memórias se confundem com uma fantasia do passado de cores desvanecidas
As palavras antes tão claras agora tão ilegíveis sob um papel a mercê do tempo, minha única percepção de dimensão
O tempo, as cores, as formas, o espaço e os sentidos são meu mundo todo e ele não passa de cognição, sinais elétricos enviados para o meu cérebro
A música, trilha que carregava o campo magnético do meu coração que parecia saber mais que apenas bater, deixou escapar minha alma para fora do corpo
E agora, como eu posso te alcançar?