Morrendo para o hoje, vivendo para o amanhã
No futuro eu serei...
No amanhã existe a promessa que hoje não se concretiza
O Amanhã é incerto, mas pelo amanhã eu espero
E de hoje eu esqueço, eu passo por ele como quem toma um remédio
Eu sou um ‘eterno vir-a-ser’
Pois hoje nada sou, além do que deveria ser amanhã
Não há um segundo sequer do hoje que não tenha um que da angústia de amanhã
A sede de hoje se projeta no amanhã
Quando me deito para descansar procuro imaginar que o amanhã não virá
Que o amanhã não irá acontecer, o dia não irá amanhecer, o tempo não irá prosseguir
Imagino que hoje é o último dia, a última noite, minha última vez, meu último sono
Então o mundo silencia, o tempo para e só assim posso descansar no que é
Posso ser no momento em que sou
Adormeço agora sem pedir pelo amanhã
O absoluto envolve a última noite do que é no presente
Eu me apago na escuridão do quarto como se jamais tivesse existido
E assim reina a paz que jamais reinou.