Pois que me gosto de dizer
Palestrar, monologar
Ao espelho quase nada relato
Pois sei que naquele rosto
Repleto de várias expressões
Que não aquelas do dia a dia
Do tratamento alheio
E bem dizer
Reflete um sorriso secreto
Careta mal criada
Um espanto
Um concorde
Uma tristeza distante
Uma angústia vibrante
Quantas surpresas hão na haste destas sobrancelhas,
Conquistas e perdas no canto destes olhos, fundos, negros pântanos
Quanto tempo, finas linhas a sulcar,
Fendas por onde correm lágrimas de dor e júbilo
Tão caras e raras
Tantas são as caras, máscaras, almas
Disto, daquilo
Enxergar um só reflexo seria-me um sacrifício
Dessa minha sina de rostos em catarata