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Pólos aparte


Assim que nossos caminhos não mais se cruzarem
Num entendimento elementar
Destoando em cruzamentos
Imagens reversas
Retóricas dissonantes
Haveremos de nos dirigir
Aos pólos opostos
Ártico
Antártico
Ao extremo norte sul
Divergindo entre estações
Alternando em dia e noite
Do inverno austral
Ao Sol da meia- noite
Da florada das idéias
Ao declínio das doutrinas
Unidos por oposição
Em partes compostas
Do abrir ao fechar do sorriso
Como as cortinas do teatro
Que ocultam o vazio pano de fundo
Assim deste ou daquele modo
Absolutos e transitórios
Num passar
Num ficar
Num olá
Num adeus
Sem que possamos dizer a distância
Entre nossos pensares pesares
Tudo se faz linhas
Linhas imaginárias
Desenhadas para apartar
Que a tudo tende dividir
Em pólos aparte
Onde haveremos cada qual em seu eixo
Erguer observatórios em defesa de si mesmos
Erigir fortalezas em nome de seu isolamento
Haveremos de combater nada além de nós mesmos
Haveremos de abrigar a verdade de nossas ilusões
Haveremos de viver a quimera das oposições
Haveremos então de nos armar, cortar laços
Na eminência das tão sonhadas alianças
A anos luz de nossas essências

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Possível

Se existe mesmo a imortalidade das coisas é possível ainda ver a chuva do outro lado do oceano É possível presenciar as auroras boreais tão distantes daqui onde o horizonte não alcança É possível ver o desabrochar das flores do extremo oposto do planeta É possível ver o nascer do sol de onde nunca o vi nascer É possível ver as florestas e sentir exalar o cheiro das coisas tão distantes de onde estou É possível ouvir as vozes e idiomas desconhecidos do meu É possível ver os rostos dos seres em realidades tão diversas da minha É possível ainda que não haja tempo experimentar tudo aquilo que não provei É possível saborear todos os gostos que não conheci   É possível me conectar a todas a pessoas que nem sequer imaginei É possível viver o dia que jamais esperei É possível deixar para trás É possível chegar ao destino É possível compreender definitivamente É possível alcançar completamente Vou inspirar profundamente E exalar o ar até que se acabe Enxergar o

Show de horrores

Tenho andado por aqui já não é de hoje Sempre me trazem de volta e de volta a qualquer lugar... Ao mesmo lugar Comprimo toda a extensão destes anos, dessa infinitude num pequeno invólucro A partir daí a consciência segue a se esquecer, a tornar-se gradativamente medíocre e pequena Apegada e presa, atada a valores e ilusões, venho mentindo estar tudo bem desde então Tapo os olhos para não ver o horror, tenho medo, não posso abri-los e encarar meu próprio rosto Temo as respostas às perguntas que faço, então me mantenho na superfície, adio a descida até as profundezas deste oceano desconhecido Estou sempre ponderando se vou mesmo fundo na verdadeira natureza da consciência a mover este veículo carnal perdido em sua pequenez Descobrir, buscar, aquilo que no fundo já sei, mas escondo para não perder o controle No silêncio profundo desta consciência infinita um aviso emerge de tempos em tempos: Não há como escapar, nem se esconder, você sabe! Este hospício de caminho
 Eu gostaria de me encontrar comigo mesma Em algum lugar fora do espaço tempo E então questionar todos os desejos despertos ao longo do tempo Eu me olharia nos olhos e estes estariam repletos e vazios Seria eu um ser insondável por natureza, se questionando como se isso estivesse em seu código genético Sempre um ímpeto insaciável me draga até os meus próprios mistérios, uma terra desconhecida que nunca consigo alcançar Porque a sonda que envio para dentro do meu ser nunca atinge uma superfície sólida onde possa pousar? E se eu vagar eternamente no espaço como poeira?