Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de março, 2010

Quando em vez

Um sono absoluto vem de quando em vez Me chamar, me pedir, Para soltar, Deixar cair, Na claridade do amanhecer Dos cabelos que soprados Se arrastam pelo meu rosto Me impedem as mãos de buscar amparo Meus olhos perdidos, eternamente, brevemente Os pensamentos ... Que paraíso sonhar Deixar ser a vida, aquela que circula nos pulsos No coração sangue que comprime, exprime Dos olhos lágrimas, sem dor, sem mais Sutil e sensível, a mais bela parte do dia Daqueles, desses dias, despidos de artifícios Em que o corpo consente em existir Assim como qualquer outro ser

Pedras

Preciso de alguma leveza Tudo são pedras, Cálculos e concreções As falas forjadas Cobranças Estanques As paredes são grades As grades espíritos Figuras pintadas O silêncio... O silêncio das horas que passam Do desejo que esmorece Cresce, evolui a luta A vontade se adianta e Recua o impulso iônico do mar

Cicatriz

Cicatriz, Corta um veio nas costas Sulcadas de dor Marcas, De um Paraíso opressor Tirania selvagem Seu, Meu, Deus, Demônio pagão Deserto de sal Ferve e serve Sílabas, escassas, secas Fonte servil Meu corpo guarda um silêncio infinito de não ditos Uma ânsia de querer falar e se calar Um trago, um rasgo Afago de paixões vilãs

Sonho doce

Como os sonhos são doces. Escapam às barreias da vida e morte Realizam o encontro impossível entre o ir e vir Entre quem ficou e quem se foi Sopram longe os agouros lúgubres Num frescor primaveril de um eterno reviver O acordar, só me deixa vestígios, fragmentos Uma memória presente, consciente de seu meio tom desgastado, Passado que se reconstrói continuamente em meu coração Ciente de que vem a morte, mas de que nela não reside o fim