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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Tantas

Tantas são as coisas Tantas as escolhas Imagino que de tantas e tantas coisas Tantas e tantas escolhas Quantas não são as mesmas Então me pergunto De tantas e tantas perguntas De tantas e tantas pessoas Quantas não se perguntam a mesma coisa Nesse mundo de tantas e mesmas coisas.

Gosto amargo da vida

No breu do porto pousa uma rapariga Feito mariposa a baixo da luz do píer Atenta ao sibilo dos sinos Zunido que jaz no cais Na orquestra de animais noturnos Dança o brilho distante dos vaga-lumes Faróis remotos, supostas estrelas Uma ventania fria Sacia o vazio Acompanha a fuga de uma alma aflita Lume frouxo, desfalecido Guia aos navegantes Nau sem dono à deriva Vêm de encontro ondas oceânicas A lamber o píer numa solapada salgada Ferve-lhe a boca feito sal de fruta Recua engolindo limo Consciência imunda Gosto amargo da vida

Concentra-te

Concentra-te apenas no ato de beber um copo de água, seu frescor, seu sabor, deslizando garganta abaixo até o estomago, a calma de um só movimento e num instante o mundo parece parar até que se sorva a última gota d’água a saciar a sede que se mescla a um tempo pacífico e segue esmorecendo a angústia do desejo.

Chove

Chove! Chove sem parar acima da terra a se escorrer Não vejo chover, ouço apenas rumores de sua constância Sons pausados, alardeados na boca dos outros Sob a montanha repousa um amigo Sobre ela brota um cravo, ainda um talo Sob a chuva que insiste engolir-lhe a vida Sopra uma nuvem embebida em carvão Esmorece o pranto celeste Num levante da estrela em chamas Da terra escorre o labor O suor dessa dor Um pudor Descansa o ardor O fervor, o calor Floresce o frescor ao sabor dos sonhos de um amor