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Mostrando postagens de dezembro, 2008

Infinito

O melhor da vida são viagens mal sucedidas Noites mal dormidas Momentos sós e particulares Dias angustiados, calados, aluados Deles reflete o sol, o ápice da luz Deles dias e noites são sentidos aguçados Levo-os para longe, mas logo os trago de volta, Deles preciso beber Sorver o veneno, absorver a cura Até que cessem os sete fogos Assim, ao por do sol em brinde aos aspirantes Exasperado anoitecer me leva numa valsa lenta Rodopiando-me desesperadamente ao redor de sua órbita Estrelas terríveis no céu se movem junto à dança E fazem-se assombrosas constelações, chorando âmbar celeste Ah se meus pés pudessem aferrar-se ao solo e se aquietar por um instante Seriam eles escravos desta terra já de longe corrompida A mente derrama do corpo, por certo assoberbados Juntam-se a revelar a tormenta desta alma Um manifesto Um motim Fatigados pela vigília Cruzando sombras indubitáveis Fazem-se luz! Mais pura luz! Muito além da tristeza, da felicidade ou saciedade Duradouro

Frutas de cera

Hoje passei por ai e foi ali que as vi Tão lindas tão lisas... Brilhavam pequenas, indefesas, numa peça de cristal Perfeitamente redondas, desenhadas para seduzir Ofereciam-se por um preço qualquer, não importa Objeto de desejo, entregues a vontade alheia Frutas de cera, delicadamente pousadas sobre o móvel, imóveis à espera de qualquer um que lhes pague o preço Enche-me os olhos vê-las assim tão disponíveis, ao meu alcance... Poder tocá-las, cheirá-las... Não se trata de um desejo pelo original e sim de uma vontade pela réplica O que me fascina é sua artificialidade óbvia, de valor superior ao do original No ápice, sua existência não importa mais do que a vontade de tê-las Não me dou ao luxo de justificá-las, não há dúvidas de que são o que preciso São o que preciso ter... São o que quero ter... Sobre um móvel, imóveis a me esperar

Rumo

Eu estava andando rumo àquilo que me leva sempre ao mesmo lugar Enquanto rumava, pensava no descanso que estava por vir Mas também pensava no tempo que sempre me afasta Eu me afastava cada vez mais indo de um lugar ao outro Enquanto rumava, o vento cortava o tempo e o pensamento gerava espanto Mas abaixava a cabeça e continuava rumando No horizonte nada mais havia, além do rumo que tomavam as coisas Alguns segundos, um momento apenas, para decidir o destino de uma vida Contados, arrastados num relógio qualquer, foi por pouco que tudo se foi Em uma rua qualquer de Copacabana, na chuva, na lama, em meio à sujeira, ao caos, uma vida rumava, parecia querer ficar, mas ela rumava em destino a seu destino final. Como eu, ela se afastava de um lugar ao outro, mas no instante de alguns segundos, seu destino faria com que se afastasse demais, além do horizonte do rumo que tomavam as coisas. Na rua, na chuva, na lama, uma vida, cronometrada, computada em 80 anos 80 anos, na rua, na